Eu morri várias vezes,
E ninguém percebeu.
Eu desabei.
Cai de cara.
As pedrinhas dentro da carne
Ardiam.
Eu fiquei calada.
Ouvindo,
Brindes.
Risadas.
Conversas.
Gemidos.
Eu morri várias vezes,
E ninguém percebeu.
Eu mesma não percebi!
Bem que achei estranho quando
A minha voz falhou.
Quando eu não sentia mais fome.
E aquele cheiro podre invadia meu nariz.
Eu não sentia nada,
Mas eu respirava.
Eu gritei!
Gritei tão alto!
Que minha carne tremeu...
Eu ainda ouvia as risadas.
E sentia o sangue escorrendo.
Me sufocando.
Me engasgando.
Eu morri várias vezes,
E ninguém percebeu.
Renata Zonatto
28/01/2019